17 de maio de 2012

Natureza Humana ...

 
            A cabana recebia já os retoques finais em seu alicerce. Em pouco tempo as paredes começariam a ser erguidas. O trabalho no alicerce com tábuas retas havia sido muito bom e, relativamente, rápido. Era noite e um vento fresco cortava as matas enquanto o fogo crepitava com fúria no meio da roda de amigos.
            Todos estavam ali ao redor da fogueira com exceção de Sean que roncava sonoramente, deitado em cima de sua capa de lã, com Penny ao seu lado, também dormindo.
            Conversavam sobre a vida em geral, mais precisamente sobre a natureza humana, em alguns minutos de discussão alguém comentou algo sobre a naturalidade com que algumas pessoas agem. E Evelyn disse:
            – O Sean as vezes me espanta, nunca sei o quanto dele é naturalmente loucura ou simplesmente necessidade se ser excêntrico. Afinal, o que move ele?
            James a fitou de forma pausada e respondeu – Bom cê trazer esse exemplo, Eve. O Sean é pura emoção, tem um coração do tamanho desse mundo, e é movido por ele. Acho que uma história da nossa época de faculdade pode exemplificar bem a situação. Se vocês permitirem.
            Após a aprovação dos amigos, James começou sua narrativa:
***
            Era 1986, Sean, James e Samuel terminavam seu primeiro ano de faculdade. Numa sexta a noite qualquer eles se encontravam em um desses bares universitários clássicos onde a cerveja é barata e a música em geral é desconhecida. Naquela noite Samuel tocava com sua banda e os dois amigos resolveram dar uma força para deixar o local mais cheio. Independente da tentativa a maioria das pessoas focavam em suas rodas de conversa ou nas tentativas dos homens de arranjarem alguém naquela noite. Sean e James, por sua vez se encontravam ao lado de uma mesa se sinuca, onde quatro caras jogavam, dois deles eram os universitários comuns do sul, com a cabeça já cheia de cerveja, formavam frases meio bobas e riam de piadas sem nexo. Um deles era um gigante de quase dois metros que podia muito bem ser um titular da linha de defesa de algum time de futebol universitário, falava bastante e ria pouco, gracejando quando alguma garota passava e comemorando efusivamente cada vez que encaçapava alguma bolinha. O último era o típico número dois, um puxa saco do gigante, ria de suas piadas e admirava suas tacadas como se fosse um verdadeiro profissional.
            Sean cutucou James na costela e comentou:
            - E aí, parceiro, tá a fim de faturar uma grana?
            – Ah não, de novo não, Sean. Lembra de como foi na última vez? – reclamou James, fazendo que não com a cabeça.
            Da última vez que tinham jogado por dinheiro tiveram que sair correndo do bar com um bando de motoqueiros atrás deles por conta das apostas e da boca grande de Sean. Também foi um problema o fato deles terem enganado os tais motoqueiros com o intuito de ganhar a grana.
            – Relaxa, dessa vez vai ser diferente, tirando o gigante ali os outros são universitários comuns. E vê se não esquece do nosso esquema. – comentou ele com um ar de tranquilidade que só ele conseguia ter nessas horas.
            Sean caminhou até a mesa e, abrindo um enorme sorriso largou:
            – Amigos, que dizem de uma apostinha amigável?
            O gigante olhou para ele com o cenho franzido e respondeu de forma solene – Quanto?
            – Vinte e cinco num jogo de duplas, eu e o meu amigo Jamie aqui contra seus dois melhores.
            – Feito! – disse o gigante, colocando suas notas em cima da mesa onde estavam suas garrafas de cerveja.
            O jogo correu de forma rápida, o gigante era um jogador de nível regular para bom, seu companheiro bajulador era um bom jogador também. James acertava algumas e errava outras, reclamando solenemente a cada erro. Sean errava a maioria das tacadas deliberadamente, reclamando alto, segurava o taco de forma desleixada e dava a impressão de ter bebido mais do que devia para apostar dinheiro no jogo.
            O gigante dava uma risadinha de canto a cada erro por parte dos adversários e provavelmente pensava que aquela seria a grana mais fácil que já havia conseguido na sinuca.
            Assim a partida terminou, e o gigante pegou os cem dólares com gosto, mas quando estava pronto para colocar o dinheiro na carteira Sean trovejou:
            – O dobro ou nada!
            – Tem certeza, amigo? – inquiriu ele, já com o sorriso voltando aos lábios.
            – É claro, na próxima a gente leva! – gritou Sean, enquanto colocava giz na ponta do seu taco.
            O segundo jogo foi ainda pior do que o primeiro. O gigante dominou quase do início ao fim, enquanto Sean e James pediam mais e mais cervejas.
            O gigante novamente admirou sua quantia de dinheiro, e antes de guardar Sean voltou a pular na frente:
            – OK! Setenta e cinco dólares de cada dupla e a gente fecha a bolsa em cento e cinquenta pros vencedores.
            O gigante deu uma grande gargalhada – Se continuar desse jeito vocês vão acabar me sustentando por todo esse mês na faculdade. Feito!
            Dessa vez o jogo foi diferente. Sean franziu o cenho, e sem passar a vez encaçapou todas as bolas listradas e a oito, em alguns minutos.
            – NOSSA! Acho que dessa vez dei sorte, hã amigos! Os deuses da sinuca devem estar do nosso lado no fim das contas. – falou ele enquanto ia em direção à mesa com o dinheiro.
            O gigante entrou em seu caminho, estalando os dedos:
            – Cara, nos enganar desse jeito, não foi legal. – comentou enquanto o puxa saco ia para o seu lado e os outros dois chegavam pelo outro lado da mesa perto de James.
            – Como assim enganar? – perguntou Sean enquanto dava alguns passos para trás em direção à mesa – Foi pura sorte, não é mesmo James? – perguntou ele enquanto se virava para o amigo e ficava de costas para o gigante.
            Sean era um cara grande, 1,88cm de altura e 105kg. Tinha o porte de um linebacker, posição na qual jogava. Mesmo assim ele ficava pequeno perto do gigante de quase dois metros. James por sua vez era um cara de estatura média, 1,75cm e relativamente magro. Via-se encurralado pela dupla de bêbados no outro extremo da mesa.
            A ação se deu em um piscar de olhos, Sean pegou o taco que estava em cima da mesa e se virou colocando toda a força no quadril e na pancada. O taco se quebrou direto no lado esquerdo do rosto do gigante. Antes que este pudesse se recuperar Sean já estava em cima dele, como um enorme touro branco, cabeça baixa e ombro nas costelas. Como costumava fazer com os running backs do time adversário no campo de futebol. Levantou o gigante do chão e só foi parar quando a lombar do outro se chocou contra o balcão que ficava há uns três metros de distância. O gigante soltou um urro de dor e caiu enquanto tinha espasmos de dor por todas suas costas. Sean sentiu então a pancada de uma cadeira nas suas costas. O puxa saco achou que essa arma seria suficiente para parar o touro na sua frente. Sean se virou, pegou ele pelo colarinho e fez ele aterrissar de cabeça em cima do gigante. Chutou as costelas de ambos no chão e, quando sendo sentiu que estavam derrotados se virou para ver o que havia acontecido com James.
            Do outro lado da mesa, James havia dado alguns passos atrás após Sean quebrar o taco na cara do gigante, levantou as mãos em sinal de paz e disse para a dupla de bêbados:
            – Hey caras, não quero confusão não.
            No segundo em que os dois bêbados se olharam, como se decidindo em conjunto o que fazer com aquele pacifista medroso, James disparou um direto, bem no queixo do bêbado da esquerda. CRACK! O barulho foi audível, só não se sabia ao certo se havia sido a mandíbula do bêbado ou a mão de James.
            O bêbado caiu pra trás berrando de dor com a mandíbula deslocada. James cambaleou também enquanto segurava o braço esquerdo e balançava a mão esbravejando de dor. Aparentemente, seu soco havia feito tanto dano nele quanto na sua vítima. O bêbado da direita, após o susto do golpe, foi em direção a James e lhe aplicou um soco direto no nariz, que o derrubou em direção à parede. Um segundo depois estava em cima de James e lhe aplicava mais um soco direto no nariz. O sangue já jorrava em profusão e quando James esperava por um terceiro golpe, de olhos fechados, ouviu apenas um enorme CRACK! E o bêbado caiu para o lado com um baque surdo.
            Samuel se encontrava ali parado de pé, magro e alto, com o violão pendendo de sua mão direita, quebrado após o choque com a cabeça do bêbado.
            Sean viu essa cena ao se virar. Deu uma enorme gargalhada e foi em direção aos amigos – Bela briga, hein amigos.
            – “DESSA VEZ VAI SER DIFERENTE!” – exclamou James, enquanto saiam do bar em direção a algum ambulatório para concertar seu nariz – E VOCÊ NEM PRECISAVA DA PORCARIA DO DINHEIRO! – o pai de Sean era um fazendeiro abastado do sul, de modo que o mesmo nunca havia tido problemas com dinheiro durante sua criação.
            – Calma, parceiro. Em nenhum momento isso foi por causa do dinheiro. – comentou Sean enquanto sorria para o amigo.
            Enquanto os amigos entravam no carro de Sean no estacionamento do bar, os cento e cinquenta dólares continuavam ali em cima da mesa com as garrafas de cerveja.
***
            – E esse é o Sean. Ele não faz as coisas pelas razões comuns. Ele gosta é do estrago. – comentou James e fez uma pausa para tomar um gole de vodka – É o verdadeiro cientista humano, sempre fazendo seus experimentos. E naquele dia eu acabei fazendo parte da verificação empírica dele. Meu nariz que o diga.
            Evelyn riu, e os demais acompanharam em uma gargalhada conjunta.
            Enquanto James dava as últimas explicações sobre a natureza do amigo, Sean soltou um enorme ronco e virou de barriga para cima embaixo de suas cobertas. Dormia em paz, como se fosse a criatura mais inocente do mundo, e de certa forma o era. Era sincero a si mesmo, e nunca soubera “medir nem tempo e nem medo”.
            – Não acredito em natureza humana. Só acho que o Sean é o cara mais sincero consigo que existe, Ele entra em um estado em que ele desliga a mente e se torna aberto para tudo.
            Todos foram deitar após a história, com exceção de James. Ele ficou para trás e brindou silenciosamente em frente à fogueira. Tomou o último gole de seu copo de vodka, apagou o fogo e quando estava caminhando para sua barraca ouviu Sean acordando. Ele deu um grande bocejo e disse:
            – Cara, tive uma grande ideia. Que tal a gente pegar o carro amanha e ir até a cidade em algum bar. Tomamos umas cervejas e quem sabe até jogamos uma sinuca.
            James deu uma risada baixa e então respondeu – É, quem sabe, Sean. Quem sabe...

6 de maio de 2012

E quanto vale cada um ???



            As Montanhas Bitteroot ficavam acessíveis através da rota 90, que cortava o estado de Montana. O mês de julho possuía temperaturas boas devido ao terreno árido e as altitudes da região. Seco e quente, lembrava até mesmo as diversas viagens atravessando o deserto de Nevada que aquele grupo de amigos já havia feito. Sean mantinha a dianteira, cruzando a mais de 90km por hora a rodovia com o destino já em sua memória, no carro de trás iam Miranda e Lee, que traziam no banco traseiro Penny, a Golden retriever do amigo Paul, que, devido aos grandes compromissos não pode estar presente nessa empreitada do grupo. No último carro do ‘comboio’ iam James, Sam e Evelyn.
            Velhos companheiros de viagens e de loucuras pela vastidão do país e do continente. Fazia 21ºC e ventava pouco, mesmo assim um vento quente, abafado, que fazia com que o melhor lugar para se estar no momento fosse a sombra de uma das incontáveis coníferas que sapecavam toda a região montanhosa. Já haviam saído há aproximadamente uma hora da cidade grande mais próxima, Helena, capital do estado de Montana, e agora se aproximavam cada vez mais de seu objetivo. Um terreno de aproximadamente 5 acres onde pretendiam montar uma cabana e passar o próximo ano inteiro, vivendo em conjunto uns com os outros. Era quase como a experiência de Black Bear que James e Miranda já haviam participado, mas dessa vez apenas entre amigos e também não pretendiam viver a vida dura apenas da terra.
            O local havia sido escolhido já adiantado, por James e Sean em uma de suas passadas pela região. Poucas pessoas por perto, mas ainda assim a proximidade de uma cidade grande. Sean comprou o terreno, e teve a ideia juntamente com James durante uma noite de Jazz e Uísque em um bar na rota 90. Precisavam agora apenas chegar, desembarcar os primeiros mantimentos e barracas, e começar a buscar as primeiras toras para o início do trabalho.
            A montanha Bitterroot fazia parte de uma cadeia gigantesca que seguia através das rochosas e ia parar apenas no Alaska. Era um local bonito, a paisagem era extremamente agradável, a vida selvagem era farta mas não necessariamente perigosa e o clima contribuía com pouca precipitação e nevascas que não eram tão fortes. Além do mais, quando pronta, a cabana serviria como boa proteção contra as intempéries do inverno. O mês de julho fora escolhido por essa razão. Clima bom de verão para o trabalho inicial na cabine e também para todos irem se acostumando gradualmente à ideia, até que chegasse dezembro com suas temperaturas abaixo de zero e suas neves.
***
            Algumas horas após o desembarque, o terreno estava sendo limpo por Evelyn e Miranda, Sam cuidava de uma pequena horta que seria seu passatempo durante boa parte da estadia no local, Lee fora encarregado de montar o acampamento e juntar madeira pra o fogo das primeiras noites, por fim, James e Sean se juntavam com machados e serrotes no trabalho de juntar o maior número de troncos durante aquele primeiro dia.
            Sean marchava na frente, com botas pretas, calça marrom, uma camisa xadrez de lenhador e uma touca verde, era a imagem do trabalhador das montanhas, fumava um cigarro e esbravejava sobre o quão bonita ficaria a cabana depois de pronta.
            - Cara, essa cabana vai ficar demais, DEMAIS! Não vejo a hora de passar noites e noites curtindo o melhor uísque que tiver enquanto me aconchego numa boa pele de urso na frente da lareira.
            - É, e eu tenho uma coleção de livros do Dostoiévski pra devorar só nos primeiros meses. Ainda não acredito que o avô do Paul me mandou todas aquelas relíquias.
            James deu uma respirada forte, o ar das montanhas entrou em profusão em seus pulmões. O cheiro de terra era forte, bem como o da resina dos pinheiros da volta. Se sentia bem ali, aconchegado, sem necessidades.
            - Cê perdeu o papo de um casal que a gente viu quando tava comendo naquele restaurante no último posto da 90 lá atrás. A mulher e o cara, provavelmente algum casal de classe média alta e com filhos já criados em uma viagem por aí. Ela cheia de jóias e o cara um perfeito almofadinha.
            - Nossa, a nata da sociedade, garanto que tavam comendo panquecas, tomando café e se achando belos viajantes.
            - Nem sei, mas me prendeu foi o assunto que eles travavam. Ou melhor, era quase um monólogo da mulher. Ela falava sobre a filha, uma engenheira que tinha se mudado pelo visto e dizia pro marido ‘Nossa, mas eu concordo com ela, algumas profissões realmente merecem receber mais, como é que a nossa cidade pretende segurar os profissionais pagando uma mixaria. Nessa outra cidade ela vai ganhar quatro vezes mais.’
            - Caramba, quanto será que ela tava falando?
            - Ela comentou algo em torno de 4 ou 5 mil por semana, uma boa grana.
            - Boa grana.
            - Grana demais, e outra coisa, o que diabos aquela velha sabe sobre alguns merecerem mais. Cacete, Sean, há anos atrás um idiota de bigodinho começou uma guerra por achar que alguns merecem mais que outros.
            Sean deu uma enorme gargalhada – CACETE, JAMIE! Cê acha que uma velinha de classe alta vai começar a Terceira Guerra Mundial?
            - Não é esse meu ponto, o que quero dizer é esse tipo de gente idiota que ainda acredita em méritos maiores pra posições melhores. Isso é pura babaquice, é manutenção de uma hegemonia tosca, boçal.
            - É claro que é meu velho, quando eu não tô com vocês bebendo e mal vestido, quando eu entro de terno num escritório com meu nome na porta, as pessoas me tratam como doutor e me pagam um horror de dinheiro pra eu não fazer quase nada. Diabos, cara, tem colegas meus que recebem horrores pra tirar criminosos de prisão e tudo fica tudo bem. Afinal, a nossa profissão merece receber mais não é mesmo? – comentou brincando Sean.
            - Isso me irrita, e a forma com que aquela mulher falou aquilo me irritou mais ainda, não sei por que não me intrometi. Queria ver a vida dela sem o cara que faz o cafezinho, ou melhor, sem o cara que planta o café, sem os artistas que fazem música, teatro, televisão. Queria ver a vida dela só com a bela filha engenheira que recebe 5 mil dólares por mês. Mas sem o lixeiro pra coletar toda a porcaria que ela deve ingerir com essa grana. É uma bobagem, as pessoas inventam patamares de evolução pra se acharem umas melhores que as outras, e no fim das contas aquela mulher se esquece que se abrir o intestino dela, tem a mesma coisa que tem no de todo mundo. Diabos, Sean, eu conheço pelo menos umas 20 ou 30 pessoas que são dez vezes mais pobres que ela, mas que tem muito mais valor. Não consigo deixar de pensar que muita gente nesse mundo é um desperdício enorme de oxigênio.
            - Com certeza cara, mas e o Paul então, é um babaca por não querer vir. – comentou Sean, mudando um pouco o assunto.
            - Eu entendo o Paul, cara. Ele virou mais um na multidão, mas tudo bem, ainda assim ter dinheiro ou não, não fizeram ele pensar que é melhor do que ninguém. Ele continua o mesmo cara bom de sempre, que valoriza todo mundo de forma igual, diabos, foi quase por isso que a Estella deixou dele. Diabos, aquela velha é a Estella no futuro, amarga e se achando melhor do que todos.
            Sean deu uma risada. Os amigos seguiram o trabalho por horas e horas, enquanto o sol permitia. Trazendo todas as toras para perto do acampamento.
            Já no fim da tarde, James fora o último a tomar banho no chuveiro improvisado com lata, pregos e uma quantidade grande de água do lago. Ao sair viu Sean bebendo com Lee na beira do lago, lá no meio a canoa de Sam vagava lentamente enquanto ele esperava que algum peixe fisgasse o anzol. Evelyn se encontrava perto do fogo lendo um livro e Mirando havia decidido preparar alguma comida no fogareiro. Ali estavam eles, diferentes em profissões, diferentes em aspirações, mas nenhum se achava melhor do que ninguém. Nenhum achava que o fato de ter tido um pouco mais de oportunidades dava a eles o direito de se tornarem seres humanos podres.
            James olhou rapidamente para o céu. As estrelas brilhavam em força máxima sem as luzes da cidade para disputar seu brilho. James pensou que nada daquilo importava. Queria pensar nos próximos doze meses ali. As pessoas podres como aquele casal haviam ficado para trás, naquele restaurante do posto de gasolina, eles que rolassem nas notas de dinheiro que tanto amavam. É isso mesmo, ‘dançem, macacos, dançem’, sigam o ritmo imposto pelas notas e esqueçam o que vale de verdade, façam apenas o que foram programados a fazer por pais mais idiotas do que vocês mesmos. James ficaria ali, com os amigos, com o que importava. E esse havia sido apenas o primeiro dia.